sexta-feira, 30 de abril de 2010

LANÇAMENTO DE PUBLICAÇÃO DA NOSSA AUTORIA

Digitalizar0001No próximo dia 3 de Maio, pelas 18.30 hs, vai ser lançada a publicação da nossa autoria «Centro de Exposições Cónego Cândido Pedrosa», no Bom Jesus do Monte, com concepção gráfica do Arquitecto Gerardo Esteves. Ver notícia do Diário do Minho de 28 de Abril de 2010.

ABADE DE TIBÃES CEDE TERRENO À SÉ DE BRAGA EM 1105

21 de Agosto. O Abade de Tibães cede à Sede de Braga um trato de terreno em Orjães (concelho de Braga) em compensação de a Sé renunciar a certas pretensões e perdoar ao mosteiro determinada coima.

«Carta Concambii de quadam hereditate de ordiales. In Dei nomine. Ego Nunnus Tibianensis cenobii abbas una cum omni eiusdem loci congregatione monacorum Kartam firmitatis facio vobis domno Geraldo Bracarensis sedis reverentíssimo archiepiscopo et qui huic sedi post vos successerint de illo petatio de terra quam vobis damus hic in Ordiales in alia nostra hereditate que iacet in ripa ipsius fluminis Aliste in illo loco ubi dicitur Paretes prope murum illius civitatis subtus monte custodias (...) »

quinta-feira, 29 de abril de 2010

DOAÇÃO EM TIBÃES EM 1077

Boa Gonçalves doa à Sé de Braga a sexta parte dos bens que possui em Tibães.
«De Hereditatibus de Villa de Teudilanes. Boa Gondisalvo … Do et concedo in illo predicto Villa Teudilanes ad ecclesiam Sancte Marie Virginis et est fundata ipsa villa prope alveum Cathavo et est in loco de ipsa villa ubi modo fundato est monasterio. Do inde VI.ª integra pro remedio anime mee ad ecclesiam Sancte Marie Virgines et episcopo domno Petro qui tenet Cathedram Bracarensem et fuit ipsa villa de aviorum et parentum meorum».

segunda-feira, 26 de abril de 2010

TIBÃES SOCORRE O PAUPERISMO ENTRE 1798 E 1813

Para fazer face ao pauperismo com origem na crise económica, de base agrícola, o Mosteiro de Tibães teve um papel fundamental no socorro às vítimas da fome da freguesia e das redondezas, distribuindo esmolas copiosas de pão.
À Portaria do Mosteiro de Tibães acorriam centenas de pessoas diariamente. Houve um dia em que se contaram na Portaria mais de 1000 pessoas, gastando-se com elas cerca de 15 alqueires de milho cozido.
Desde Maio de 1798 até Maio de 1799 consumiram-se 2404 alqueires de pão cozido, no Mosteiro de Tibães para enfrentar a pobreza.
Em Maio de 1799, para obviar aos efeitos da dura e cruel avareza dos rendeiros que se aproveitavam da miséria pública para enriquecerem à custa da pobreza, os Magistrados impuseram uma taxa ao pão de milho fazendo-o vender a 650 rs.
Foi autor desta iniciativa o Juiz de Fora de Guimarães Manuel Marinho Falcão, conhecido nesta província pela sua integridade, zelo e amor do bem público. Também o Príncipe fez chegar aos negociantes da Praça de Lisboa que seria do seu agrado que eles fizessem transportar para esta província milho, centeio, ou trigo a fim de socorrerem a miséria pública.
Tendo em conta os estragos causados pelas invasões francesas na região e o aumento de bocas para alimentar pela passagem dos exércitos, bem como as más colheitas, a crise vai sentir-se fortemente entre 1810 e 1811.
Tibães volta a prestar auxílio às pessoas que acorreram aos portões do Mosteiro. Nestes anos mais de 400 pessoas são aqui diariamente socorridas pelo Frei Manuel Inácio das Dores.
No ano seguinte, em 1812, os níveis de produção aumentam, mas os preços não melhoram e as dificuldades mantêm-se.
A partir de 1813, assiste-se a uma recuperação agrícola e a uma melhoria generalizada da situação.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

MANUSCRITO DO COUTO DE TIBÃES DE 1140

couto de tibães

PÁROCO DE TIBÃES EM 1834

Frei José de Nossa Senhora do Vale quando nasceu, a 15 de Fevereiro de 1788, na freguesia de Cete, deram-lhe o nome de José Maria Pinto Brandão. Era filho de Aniceto Pinto Brandão, Capitão, e de Maria Joaquina. Aos 15 anos, por influência de seus pais, o jovem José Maria entrou para o Mosteiro Beneditino de Paço de Sousa. Com 18 anos, foi admitido ao noviciado no Mosteiro de Tibães, e pouco tempo depois tomou o hábito beneditino.
Escolheu o nome de Frei José de Nossa Senhora do Vale, que usou até à morte. Honrava assim um nome que desde cedo o influenciara na sua terra-natal: a pequenina Capelinha românica com aquele nome. Frei José ficou por Tibães durante muito tempo. Quando, em 1834, D. Pedro IV ordenou o encerramento e confisco dos Conventos, ainda lá estava e aí continuou, agora como Pároco.
Morreu em 29 de Outubro de 1850, com 62 anos. Foi sepultado na Igreja de Tibães, defronte do Altar de Nossa Senhora do Rosário. Mesmo ao lado, repousava já há 26 anos o Dom Abade Geral Frei Francisco dos Prazeres, que em 1806 o havia admitido na vida monástica beneditina.

domingo, 11 de abril de 2010

PRIMEIROS BENEDITINOS NA BAHIA ORIUNDOS DE TIBÃES

Em 1582, chegaram a Salvador, vindos da Abadia de São Martinho de Tibães vários membros da congregação: Frei António Ventura, Frei Pedro Ferraz, Frei João Porcalho, Frei Plácido da Esperança, Frei Manuel de Mesquita, Frei José, Frei Francisco, Frei João e Frei Bento.

FREI PEDRO DOS MÁRTIRES – DOM ABADE DE TIBÃES

Nasceu a 4 de Junho de 1645 e faleceu a 12 de Dezembro de 1719. Vestiu a cogula no mosteiro de Rendufe a 28 de Agosto de 1664. Escrevia com primor e era admirável nos cálculos de aritemética e na gramática. Foi prior e vigário no mosteiro de Refojos de Basto, fundado na época da dominação dos godos no nosso país, e daqui passou para o mosteiro de Lisboa, eleito pregador geral da Ordem. Em capítulo geral de 1713 foi eleito D. abade do mosteiro de Santo Tirso. Em 1716 foi eleito D. abade geral da Ordem. Enriqueceu a sacristia do mosteiro de Tibães com ricos ornamentos e mandou fazer para o de S. Bento em Lisboa uma Árvore da família beneditina à semelhança da de Tibães, que se encontra, quase perdida, ao subir da escada principal. Em 1717 recebeu de el-rei D. João V uma carta especial, em que o monarca lhe pedia, que fizesse celebrar a Conceição da Virgem com a maior solenidade. Em 1719 escolheu para seu sucessor frei José de Santa Maria, passando a viver em Tibães concentrado no exercício das virtudes, sem se eximir nunca das obrigações monacais.

sábado, 10 de abril de 2010

FREI MARTINHO DA APRESENTAÇÃO – DOM ABADE DE TIBÃES

Foi o primeiro filho que Guimarães deu à congregação beneditina. Nasceu a 28 de Outubro de 1561 e faleceu em 4 de Abril de 1631. Era filho de Lourenço Golias da antiga e nobre casa das Lamelas, junto a Guimarães. Recebeu no baptismo o nome de Simão, que depois mudar para o de Martinho em honra do padroeiro de Tibães, e na idade de 18 anos era um dos cavaleiros mais valentes e arrojados de Guimarães.
Esteve na América e serviu Portugal nas armas por quatro anos, embarcando em várias armadas. Sofrendo mais tarde graves padecimentos, resolveu abraçar a religião. Dirigiu-se dali ao mosteiro de Pombeiro, para tomar a cogula do Patriarca S. Bento; mas por ser limitado naquele convento o número de frades, dirigiu-se dali a Tibães, onde vestiu o hábito a 21 de Novembro de 1586. Acabado o noviciado, e não sendo ainda sacerdote, foi nomeado procurador do mosteiro de Rendufe, e depois transferido para o mosteiro de Pombeiro. Celebrou aqui a sua primeira missa. Em 1593 foi escolhido para secretário de frei António da Silva, 6º D. abade geral da Ordem. Em 1599 foi eleito D. abade de Rendufe. Em 1605 eleito D. abade do mosteiro de Paço de Sousa. Em 1608 foi nomeado visitador da Ordem. Em 1611 D. abade do mosteiro de Lisboa, que então era o da Estrela.
Em 1614 eleito definidor da congregação, recolheu-se ao mosteiro de Pombeiro, onde se entregou incessantemente ao exercício das virtudes cristãs. Em 1617 foi segunda vez eleito D. abade do mosteiro de Lisboa. Em 1620 foi eleito definidor-mor e finalmente em 1621 D. abade geral da Ordem beneditina, cargo que exerceu com prudência e rectidão, afabilidade e justiça. Em 1623 acabado o generalato recolheu-se ao mosteiro de Gonfey, donde saiu em 1626 para D. abade do mosteiro do Porto. Em 1629 eleito de novo definidor-mor em capítulo geral, recolheu-se ao mosteiro de Pombeiro.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O SENHORIO NA IDADE MÉDIA – OS CASAIS

Desde o período imperial romano até aos princípios da Idade Média os castros existem, mas os seus habitantes irão viver para novos lugares. É o caso dos vici, loci, casais e villae. Os vici (singular vicus) eram povoados rurais não fortificados, como eram os castros, abertos. Os loci (singular locus) são aldeias muito pequenas, de três ou quatro casas. Os casais eram em princípio casas de campo pequenas que podiam possuir varias edificações. As villae eram núcleos rurais com edificações diversas, dedicadas aos labores agrícolas, pecuários ou relacionados com o mar. Aparece, assim, a designação geral de villas para caracterizar as aldeias, póvoas, vilares, casais, granjas e herdades. É destas «villas» da romanização que após a queda do domínio romano vão surgir as vilas rústicas de sentido medieval, como resultado da fragmentação das primeiras. Daí que os domínios - vilas-  dos novos senhores, -os Visigodos- embora extensos, não constituíssem uma unidade territorial; encontravam-se divididos em parcelas - casais, quintas e vilares -   disseminados por diferentes lugares e muitas vezes encravados em terras de outros senhorios. Com o evoluir dos tempos, as vilas foram-se dividindo em vilares, quintanas e casais, devido ao aumento de população.
Na Idade Média, o Senhorio ou Domínio Senhorial era uma vasta propriedade, constituída pela Reserva e os Mansos ou Casais de que o senhor era o proprietário. Nela, o senhor, estabelecia a lei, exercia a justiça e cobrava aos camponeses rendas, impostos e serviços (corveias). Os camponeses podiam ser livres ou não (e, então, chamavam-se servos ou malados). Os servos trabalhavam nas terras directamente exploradas pelo senhor (a Reserva) e não podiam mudar-se ou abandoná-las. Para serem livres tinham de comprar a sua liberdade ao senhor ou, então, fugir, normalmente para a cidade. Se fossem apanhados eram severamente castigados.
O domínio senhorial não era apenas uma vasta extensão de terras pertencente a um senhor nobre poderoso. Era um mundo fechado e que procurava ser auto-suficiente produzindo o que era necessário ao senhor e à restante população que o habitava. Mais do que uma extensa propriedade, o domínio ou senhorio era um agrupamento de homens ligados por direitos e por deveres: o senhor dava protecção aos camponeses que lhe deviam obediência, trabalho e impostos.
Em regra, os mosteiros eram constituídos pela Igreja, claustros, dormitório, refeitório, biblioteca, albergaria e campos de cultivo.
O clero dividia-se em dois grupos: o clero regular (todos os que viviam numa ordem religiosa, num mosteiro) e o clero secular (bispos e padres).
No mosteiro, para além de cumprirem as regras impostas pela Ordem a que pertenciam, os monges dedicavam-se ao ensino, à cópia e feitura de livros, à assistência a doentes e peregrinos. Em algumas Ordens, os monges dedicavam-se também ao trabalho agrícola nas terras do mosteiro.
Diga-se, para começar, que o conceito de Quinta (enquanto espaço agrícola com habitação) tem a sua origem na Idade Média. No Mundo Romano, a palavra utilizada para designar uma grande propriedade, nos mesmos moldes em que nós entendemos Quinta, era a palavra villa e que traduzia uma realidade já com um elevado grau de complexidade uma vez que as villae eram autênticas unidades de produção agro-industrial, onde se cultivavam e simultaneamente transformavam, com o fito da exportação, produtos como o vinho, o azeite, o cereal ou os frutos secos. Com o fim do Império Romano, surge uma nova realidade, agora já no horizonte medieval: os Senhorios, grandes propriedades que a Nobreza e o Clero (através dos Mosteiros) recebiam dos Reis por doação. No caso dos senhorios da nobreza, os grandes senhores (duques, condes) geralmente dividiam-no em dois. A maior extensão de terra era dada em regime de arrendamento a vários casais de camponeses (daí o topónimo casal que de norte a sul do país encontramos a anteceder muitos nomes de terra). Uma parte mais pequena do senhorio, o Senhor reservava-a para si. Era lá que geralmente se localizava o paço, a Igreja e os vários equipamentos essenciais à economia da propriedade, como o celeiro, o estábulo, o forno, o lagar, assim como uma pequena porção de terra e por vezes um bosque, tudo sob a exploração directa do senhor, sendo certo contudo que o seu amanho era realizado através de um serviço gratuito e obrigatório prestado pelos camponeses: as corveias. Ora, é precisamente a esta porção de terra reservada a si próprio pelo senhor que ele dava o nome de Quintã, e que muito provavelmente até corresponderia a uma quinta parte de todo o senhorio. A verdade, porém, é que os senhores acabaram por dar pouca importância ao amanho das “suas” terras uma vez que, pelo arrendamento dos casais e pelo direito de habitar o senhorio, os camponeses eram obrigados a um conjunto de prestações como rendas, em dinheiro ou géneros, impostos e até multas, que no seu conjunto bastavam às necessidades dos “patrões”. Também os senhorios do clero, maioritariamente pertencentes a mosteiros, eram divididos de forma semelhante. Somente, a reserva (a tal Quintã) adquiria aqui o nome de Granja, sendo lá, ao invés das quintas, bastante visível o cuidado e o zelo que os eclesiásticos punham na exploração destas parcelas sob sua administração directa. Acrescente-se que na Idade Média as propriedades a que hoje associamos à ideia de Quinta eram as herdades.
Por outras palavras a tipologia da propriedade da terra no século XIII era formada desta maneira: casais, granjas, quintas.
A cada igreja andavam associadas múltiplas propriedades de variados tipos, consoante os casos: casas-torre, casas, casas para armazenamentos, quintas, casais, leiras, moinhos, etc.. A estes bens acresciam ainda seus rendimentos e foros. Ou seja, a cada igreja, associavam-se rendimentos mais ou menos vastos, conforme os casos.
Na Idade Média, os domínios da nobreza e do alto clero (bispos e abades) tinham dimensões variadas e eram, em geral, constituídos por várias propriedades. Para efeitos de exploração agrícola, o domínio dividia-se em duas partes: a reserva, explorada directamente pelo senhor; os mansos (casais em Portugal), pequenas parcelas de terreno, explorados por famílias de camponeses.
Na Idade Média surgem diversos documentos que dão conta de vários casais foreiros de diversos mosteiros. Os casais encabeçados eram largas propriedades, fragmentadas em múltiplas parcelas que poderiam não ser contíguas, que constituíam uma unidade administrativa. Aquele que num casal fosse o maior proprietário, em termos de superfície, era designado cabeça de casal, tornando-se responsável, perante a autoridade fiscal, pela cobrança das rendas e impostos de todo o casal. Estes casais corresponderiam aos núcleos de povoamento mais antigos, vindos da Idade Média, como é possível inferir, de entre outra documentação, pelas Inquirições mandadas efectuar por D. Afonso II, em 1220.
Em certas escrituras, notamos a intervenção de consortes dos referidos Casais, ali qualificados como "caseiros" e "rendeiros", os quais pertenciam às melhores famílias da localidade. O que não parece correcto é a equiparação do "foreiro" ( senhor do domínio útil) com o arrendatário ( aquele que recebe por contrato de arrendamento, mediante o pagamento de uma renda, bens que são pertença de outrem, seu pleno proprietário).
Aqui deixamos algum vocabulário próprio da Idade Média.
Villa: Grande exploração agrária constituída por vários tipos de terra (campos de cereais, vinhas, pomares, bosques, etc), parte explorada directamente pelo proprietário (o paço, que incluía a casa de morada, as casa dos trabalhadores, os estábulos, os celeiros e a igreja) e parte dividida em parcelas, aforadas ou arrendadas a vários tipos de detentores (casais, vilares).
Casal: unidade de exploração agrária, resultante do parcelamento da villa. Quintã: regra geral pertença da nobreza, a quintã é identificada, quer como prédio urbano (paço ou residência do senhor), quer como prédio rústico com residência paçã.
Honra: senhorio nobre.
Couto: concessões régias à Igreja, sendo que couto traduz o complexo dos privilégios e das imunidades do território. Imunidade define-se como a proibição de entrada de funcionários régios, a inexistência de impostos da Coroa e o exercício, pelo senhor, da autoridade pública, com autonomia administrativa, judicial e financeira.
Reguengo: Terras da Coroa, servidas por trabalhadores, colonos ou rendeiros (reguengueiros).
Paço: casa de morada do senhor.
Domínio senhorial - Propriedade fundiária pertencente a um senhor nobre ou eclesiástico, também chamada de senhorio; constituía a principal fonte do seu poder e dos seus rendimentos. Dividia-se em duas áreas; a reserva e os mansos (ou casais, em Portugal).
Reserva - Parte do domínio senhorial directamente explorada pelo senhor; constituíam-na as terras mais férteis. Nele estavam instalados: a igreja, o celeiro, o lagar, o moinho, o forno e o solar do senhor.
Mansos (Casais) - Parcelas em que estava dividido o senhorio; eram cultivados por camponeses em troca do pagamento de tributos e da prestação de serviços ao senhor.
Servo - Camponês não livre que trabalhava a terra do seu senhor.
Feudo - Bem concedido em troca de serviços. A partir do século XI, passou a designar uma propriedade fundiária concedida, a título hereditário, pelo Rei ou um grande senhor, a um vassalo. Concessões régias em forma de benefício.
Inquirições: Inquéritos ordenados pelo monarca, sobre o Portugal senhorial, a fim de conhecer pormenorizadamente os seus direitos de propriedade e rendas devidas, para, assim, estabelecer com firmeza a sua autoridade, impedindo abusos das classes senhoriais. Dotada desta forma de um cadastro rigoroso de grande parte do País (quase todo o Norte, com o Minho, Trás-os-Montes e Beira), a administração central mais facilmente podia impedir abusos e interferir em nome de uma justiça centralizada e de um sistema financeiro planificado. Iniciadas por D. Afonso II (1220), foram continuadas por D. Afonso III (1258) e por D. Dinis (1284, 1288, 1301, 1303 e 1307).
Padroado: Rendimentos e direitos que os senhores tinham sobre certas igrejas, mosteiros e capelas (na sua qualidade de fundadores ou descendentes de fundadores dessas instituições pias).
Foreiros: agricultores que, mediante cartas de aforamento ou emprazamento, recebiam herdades, a título de usufruto, mediante o pagamento de um foro de parte da produção do solo (1/4 a 1/3 geralmente), a prestação de serviços no paço senhorial e outras obrigações.
Na Idade Média era normal os Senhores nomearem Caseiros, para administrar Quintas, Granjas, Casais, herdades, devesas, soutos, chousas, vinhas, bacelos.

A SALA DO CAPÍTULO DO MOSTEIRO DE TIBÃES

O Mosteiro de Tibães é um contínuo apelo à memória e à beleza. Contido por fora e deslumbrante por dentro, explode em ondas de luz e ouro que o inevitável apelo à glorificação divina impunha aos homens no interior dos seus templos.
Foi abrigo de míticos anacoretas perdidos na voragem dos tempos.
Em todos os mosteiros havia o Capítulo que designava a "cabeça", o local das grandes decisões.
No Mosteiro de Tibães era na Sala do Capítulo, com a grande Mesa do Definitório, coberta de cordovão preto e guarnecida, em redor, de panos verdes com galão verde de lã, mais a grande cadeira de braços do Reverendíssimo, com assento e encosto de damasco preto e os quatro canapés com assentos e encostos de almofadas, que se reunia, de três em três anos, no terceiro dia do mês de Maio, dia da festa da Santa Cruz, a Congregação de S. Bento de Portugal e da Província do Brasil.
A esta sala acorriam Abades, Visitadores, Definidores, Padres Companheiros e Secretários, Priores, Mestres dos Noviços e Mestres de Teologia para elegerem o Geral, os Dom Abades e todas as prelazias de cada mosteiro e providenciar do governo trienal da ordem, quer no campo espiritual, quer no material.
A Sala do Capítulo do Mosteiro de Tibães caracteriza-se pelo equilíbrio, pelas proporções, pela copiosa luz do sul e do poente e inundada pelos intensos cheiros da Cerca.
A «Casa do Capítulo» é um dos espaços mais nobres e belos do Mosteiro. Apesar de construída em 1700, de cuja época mantém o bonito tecto de caixotões de madeira pintada, rematados por uma platibanda policromada de madeira entalhada, com mísulas, folhas, urnas, cabeças de anjos e pássaros, foi completamente reedificada no triénio 1783/1786. Então, rasgaram-se-lhe as amplas janelas com sacadas, com novo soalho constituído por grandes tábuas de pinho manso, montou-se um novo retábulo com risco de Frei José de Santo António Vilaça e um quadro alusivo ao Espírito Santo, decoraram-se as paredes com painéis de azulejo rococós sobre passos da vida de José do Egipto e puseram-se os grandes quadros com ricos caixilhos de madeira entalhada, pintada e dourada de S. Bento e de Santa Escolástica, de Frei Plácido Villa Lobos e de Frei Pedro de Chaves ( os reformadores quinhentistas da Ordem Beneditina); de D. Sebastião e do Cardeal D. Henrique; dos Papas Clemente XIV e Pio VI. Estes quadros, alguns da autoria de Frei José da Apresentação, vieram fazer companhia aos 50 retratos da «Galeria dos Gerais», mandada pintar em 1758.

sala do capítulo sala do capítulo1 sala do capítulo2

terça-feira, 6 de abril de 2010

ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA ABADIA DE TIBÃES – SÉC. XVII

- Capítulo Geral
- Conselho de Visitadores
- D. Abade Geral
- Conselho da Abadia
- Padre Mordomo
- Padre Gastador
- Padre Gastador de obras
- Padre Recebedor
- Padre Dispenseiro
- Padre Sacristão

sexta-feira, 2 de abril de 2010

TIBÃES EM TERRAS BRASILEIRAS

O Mosteiro de S. Martinho de Tibães representa um elo de ligação com a acção dos Beneditinos em terras brasileiras.
Para avaliar essa acção, bem como a influência desta ordem religiosa, basta consultar os Relatórios trazidos do Brasil, de três em três anos, aos «Capítulos Gerais» realizados em Tibães.
O primeiro «Capítulo Geral» reuniu-se no Mosteiro de Tibães, em 1570. A partir desta data e até 1834, os Abades Gerais de Tibães, passarão a ser eleitos trienalmente e governarão as províncias de Portugal e do Brasil da rica, poderosa e influente Ordem Beneditina.
A expansão da Ordem de S. Bento no Brasil é realizada já sob os auspícios de Tibães. No domínio da arte barroca, são de salientar as estreitas relações entre o barroco minhoto e o barroco mineiro, com particular destaque para a influência directa do Bom Jesus do Monte, no Bom Jesus de Matosinhos e em Congonhas do Campo.
A partir de 1575, são enviados para terras brasileiras muitos monges beneditinos portugueses para avaliar a possibilidade concreta da fundação de um mosteiro em terras de além mar. O local indicado seria a Cidade de São Salvador da Bahia. Os monges fundadores, em número de nove, chegaram à Bahia na Páscoa de 1582, oriundos do Mosteiro de São Martinho de Tibães, Casa Geral da Congregação Lusitana, fixando-se num terreno fora da cidade, onde já havia uma pequena Ermida dedicada a São Sebastião. No ano de 1584, o Mosteiro foi elevado à condição de Abadia. Popularmente é conhecido com o título de Mosteiro de São Bento da Bahia.