segunda-feira, 29 de junho de 2009

Política em Verso (22) - Zezão - 08-05-1924.

Diz um certo jornalista
Que escreve da Lisboa bela
Para um jornal da invicta,
Que o governo está na pista
Duma fita bolchevista
E tem medo que se pela!

Que, por isso prevenido,
Já fez ir para Lisboa
Muitas tropas da província,
Arreganhando atrevido
A dentuça e pondo o ouvido
À escuta… Esta é bem boa!

É que isso lhe faz lembrar,
O meu leitor não se ria,
Certos rapazes que soem
O inimigo ameaçar:
- «Deixa! Tu hás-de passar
À porta da minha tia!...»
O que isto dá a entender
É que o dito jornalista,
Há tempos, aqui p’ra traz,
Também usava fazer
O que o seu olho está a ver
No governo alvarista.

Devia ser mais discreto
O tal do camaroeiro!
Assim ‘stragou o repolho,
Deixou de ser justo e recto…
Porque não calou o peito,
Seu … Homem… do soalheiro?

E daí, talvez, tivesse
Muitos carros de razão,
Que, se a cousa avante fosse,
Se a revolução se desse,
Talvez, por lá, não houvesse
O necessário sabão…

Pois o medo tal seria
Nos lisboetas papoulas
Que logo que ela estalasse,
Todo o mundo fugiria…
E quem é que o pagaria
Se não os pobres ceroulas?
Zezão

sexta-feira, 19 de junho de 2009

II – PEDDY-PAPER « AO ENCONTRO DO PATRIMÓNIO DE BRAGA»

Uma multidão de alunos invadiu as ruas da Cidade de Braga.
No passado dia 18, da parte da manhã, quatrocentos e cinquenta alunos, professores, funcionários e encarregados de educação, reunidos em quarenta e cinco equipas, partiram à descoberta do valioso património da nossa cidade.
Mais que mil palavras, as imagens falam por si.

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sábado, 13 de junho de 2009

Política em Verso (21) - Zezão - 24-01-1924.

Perguntou-me o Director
da nossa «Acção Social»
O motivo ou a razão
Ou seja lá o que for
Do meu silêncio: – Então
Que tem você, seu Zezão!...

Por vergonha não lhe disse
O que cá dentro sentia
E procurei-lhe ocultar
A minha grande perrice,
E um sorrisinho alvar
Que me fica a matar!

Mas a ti, leitor amigo,
Se me prometes segredo,
Vou- te abrir o coração
E tu vais chamar um figo
A bela da explicação,
Do silêncio do Zezão!

Se na semana passada
Nada escrevi para o jornal
Foi por estar constantemente
À espera da consoada
Do meu leitor, afinal,
Deu em droga, deu em nada.
Ao ouvir bater a porta,
P’ra lá deitava a correr,
Mas por mal dos meus pecados,
Ficava co’a cara torta,
Pois sempre via aparecer
Alguns credores irritados.

Sempre à espera – que arrelia!
Sem noutra cousa pensar,
Desde manhã muito cedo,
Té à noute, todo o dia…
E ficar sempre a chuchar…
Ficar a chuchar no dedo.

Desespero torturante!
Co’a alma assim tão atada,
Como podia eu ‘screver?
Nem no inferno de Dante
Se vê lá explicada
Pena assim , um tal sofrer!

No meio disto, porém,
Sempre um conforto encontrei
P’ras minhas penas dobradas,
Pois além de beber bem
E com gana me atirei
Às belas das rabanadas!

E aos mexidos e às filhós
E ao polvo e à batatada
E aos trouchos tão tenrinhos…
Ai filhós! Aqui p’ra nós,
Fiquei co’a barriga inchada
E na cebça… uns grilinhos

Zezão

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Política em Verso (20) - Zezão - 17-01-1924.

Da terra das novidades
De furor, sensacionais,
Da América do Norte
Veio há pouco um telegrama,
Publicado nos jornais
De que aqui ponho o recorte:

«New-York 12 deste,
Seis e meia da manhã;
Uma notícia das feiras!
Um general, o Estradas,
Fez agora um figurão,
Venceu um outro o Cardeiras!

Lá, p’ró México, as cousas
P’ra governo vão bem falhas,
Não ‘stão de boas feições,
Pois Estradas lhe tomou,
Além de muitas metralhas,
Um bom número de canhões!»
Ao ler uma tal notícia,
Fiquei fulo, francamente,
E a achei de cacaracá…
Pois notícias dessa laia
Não são vistas pela gente,
A cada passo por cá!

Que Estradas vença
Não causa admiração,
Se são de caixão à cova!...
Mas, se se desse contrário,
Então, sim que sensação
Não causaria tal nova!

Pois eu conheço um patusco,
Por alcunha o Zé Petrinas,
Que causas endiabradas
Pratica todos os dias.
Mas, quando toma as cardinas
Anda a cair p’las estradas…

Zezão

segunda-feira, 1 de junho de 2009

QUANDO FOR GRANDE

Artigo publicado na Revista Andarilho n.º 32Sem título
Após algumas décadas dedicadas à arte de ensinar, muitas vezes me questiono sobre o papel do professor no ensino. As angústias apoderaram-se de mim quando percebi que não é o professor que ensina, mas sim o aluno que constrói o seu conhecimento. Descobri, igualmente, que nessa construção, além de um bom "mestre-de-obras", era necessário ser um bom animador de equipes e de indivíduos em processo de construção de conhecimento.
Ao longo do meu percurso docente, muitos livros de pedagogia me passaram pelas mãos, dos quais retive algumas ideias.
Recordo os livros do Mialaret (1981) e de ter assistido a algumas das suas conferências em que referia que a função do professor é frequentemente definida e apresentada sob a forma de imagens e de metáforas. Exemplos dessas metáforas são o pr ofessor como modelo, como transmissor de conhecimentos, como técnico, como executor de rotinas, como planificador, como sujeito que toma decisões e resolve problemas, como mestre, como treinador, como guia, como supervisor, como especialista e como facilitador.
Demailly (1992) refere, sem todavia explicar, as metáforas do maestro, do palhaço e da dona de casa, metáforas que os professores mobilizam para falarem das suas profissões. Metáforas mais recentes referidas por Pérez Gómez (1992), apresentam o professor como investigador na sala de aula, o professor como profissional clínico e o professor como prático reflexivo.
Feiman-Nemser e Floden (1986), fazem referência ao professor missionário (que toma a seu cargo a missão social educativa), a do professor-funcionário (que acaba por influenciar as políticas de ensino) e a do professor-oleiro (que molda os seus alunos).
Não me esqueço duma metáfora que me sensibilizou muito: a do professor-jardineiro, que cuida do crescimento das crianças à semelhança de uma planta.
Tal como os estilos de aprendizagem, os papéis do ensino podem mudar ou serem adoptados de várias formas, em função da situação de aprendizagem, das características dos alunos, do conteúdo leccionado e de outros factores.
A este propósito, lembro-me da letra de uma canção interpretada por Rui Veloso, onde uma professora solicita a um aluno uma redacção sobre o tema «o que eu quero ser quando for grande». Naturalmente o aluno escreveu: «Quero ser um marinheiro, sulcar o azul do mar / Vaguear de porto em porto até um dia me cansar. / Quero ser um saltimbanco, saber truques e cantigas / Ser um dos que sobe ao palco e encanta as raparigas».
A docente modelo, como protótipo de forma de pensar as coisas, como endoutrinadora, exige do aluno uma nova postura. Mal impressionado e constrangido pela professora lá faz outra composição: «Quero ser um funcionário / Ser zeloso ter patrão, deitar cedo e ter horário / Ser um barquinho apagado sem prazer em navegar / Humilde e bem comportado sem fazer ondas no mar». Depois disto, que mais há a dizer…

O COLÉGIO DE S. CAETANO - COMEMORAÇÕES

Por ocasião do segundo centenário da fundação desta instituição escrevemos um texto que foi reproduzido numa lápide existente no hall de entrada do colégio, do seguinte teor:

A DOM FREI CAETANO BRANDÃO, FUNDADOR DO SEMINÁRIO DOS MENINOS ÓRFÃOS E EXPOSTOS DE S. CAETANO, NO SEGUNDO CENTENÁRIO DA FUNDAÇÃO (1791-1991).
INSTALADO INICIALMENTE NA PRAÇA DO MUNICÍPIO, MUDOU PARA O LARGO DA MADRE DE DEUS EM 26 DE ABRIL DE 1886 – DESDE 1970 É DESIGNADO POR COLÉGIO DE S. CAETANO.
EM 1801, O VENERÁVEL FUNDADOR DOTOU-O DE REGULAMENTO E PROJECTO PEDAGÓGICO, POR ELE ELABORADO COM O TÍTULO DE PLANO DE EDUCAÇÃO DOS MENINOS ÓRFÃOS E EXPOSTOS DO SEMINÁRIO DE S. CAETANO.
EM 1791, FREQUENTAVAM ESTA ESCOLA DE FORMAÇÃO GERAL E PROFISSIONAL 21 ALUNOS, ELEVANDO-SE ESTE NÚMERO EM 1796 PARA 150. À DATA DESTA HOMENAGEM O COLÉGIO PRESTA ASSISTÊNCIA SÓCIO-EDUCATIVA A 148 ALUNOS.
PELA DIRECÇÃO PASSARAM, ENTRE OUTROS, O SANTO PADRE CRUZ (1886-1894), OS BENEMÉRITOS SALESIANOS (1894-1911), O FILÓSOFO LEONARDO COIMBRA (1911) E OS IRMÃOS DAS ESCOLAS CRISTÃS DE S. JOÃO BAPTISTA DE LA SALLE (DESDE 1933).
ESTA LÁPIDE FOI DESCERRADA, EM 29 DE MAIO DE 1992, NO ENCERRAMENTO DAS SOLENES CELEBRAÇÕES DO SEGUNDO CENTENÁRIO, POR D. EURICO DIAS NOGUEIRA, ARCEBISPO PRIMAZ DE BRAGA.

Mais tarde, para comemorar o segundo centenário do fundador da instituição, escrevemos novo texto transcrito na placa comemorativa seguinte:

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