domingo, 27 de janeiro de 2008

CULTO DA MEMÓRIA - 2.º CENTENÁRIO DA MORTE DE FREI CAETANO BRANDÃO

No rescaldo das comemorações do bicentenário da morte de D. Frei Caetano Brandão, publicamos no Jornal Passo a Passo da Escola Profissional de Braga, Ano XIII, n.º 32, de 27 de Janeiro de 2006, inserto do Correio do Minho, o artigo «Culto da Memória, 2.º centenário da Morte de Frei Caetano Brandão».

sábado, 26 de janeiro de 2008

O JORNAL DA PARÓQUIA




Muitas freguesias têm um jornal, em regra, dirigido pelo Pároco, que se constituem como uma forma de comunicação entre os seus paroquianos.
Melhores ou piores, antigos ou recentes, com mais qualidade e apresentação ou simples folha A4 fotocopiada, são um instrumento ao serviço da Igreja, pois bem precisa, no tempo em que os mass-media possuem um poder avassalador.
A freguesia de Mire de Tibães também possui um Jornal da Paróquia «Os Sinos de Tibães», simples, sem grandes pretensões e distribuído na eucaristia dominical, apresentado num formato A4.
A aprtir de 1933, esta freguesia passou a ter um Boletim «A Vida Paroquial» de grande prestígio e divulgação, que, curiosamente, era também visado pela comissão de censura.
Era uma publicação mensal, editada nas oficinas gráficas da PAX e, em média, tinha 24 páginas.
Foi seu Director D. António Coelho, que fazia desta revista, também, o órgão oficial da «Opus Dei». Apresenta um carácter informativo, mas, maioritariamente, apresentava muitos artigos que visavam a formação dos seus leitores.





TOPONÍMIA DE TIBÃES


A freguesia de Mire de Tibães apresenta uma iconografia mais parecida com um rectângulo. É bastante alongada em comprimento e estreita em largura, com cerca de 5,07 km2 de área.


No passado os moradores conheciam-se por pertencerem a este ou àquele lugar, presentemente, as suas moradas reportam-se ao número da porta e nome da rua, devido, com certeza ao crescimento imobiliário, bem como ao aparecimento de loteamentos, urbanizações e bairros.


A Junta de Freguesia, para maior comodidade e facilidade, desenvolveu um Mapa das Ruas de Mire de Tibães, que, agora, apresentamos.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

TVI TRANSMITE EUCARISTIA DOMINICAL

A TVI transmitiu, no dia 20-01-2008, a missa dominical das 11 horas da freguesia, directamente do Mosteiro de S. Martinho de Tibães.
Em dia de S. Sebastião, Santo muito querido na freguesia, a TVI deu voz ao pulsar da população.
Foi uma oportunidade para ouvir o excelente Grupo Coral que solenizou a eucaristia.
No final, em directo dos claustros, a TVI transmitiu o programa «Oitavo Dia», coordenado pelo Cónego António Rego, que divulgou um pouco da cultura da freguesia, concretamente, através da exibição do Rancho Folclórico de S. Martinho de Tibães.

sábado, 19 de janeiro de 2008

REVISITAR O SÉCULO XIX



Os Directores das Turmas 1 e 2 do 6.º ano de escolaridade, organizaram, no âmbito da disciplina de História e Geografia de Portugal, uma visita de estudo, subordinada ao tema «a segunda metade do século XIX».
Esta actividade teve lugar no dia 18 de Janeiro, com o seguinte programa:
- Viagem de comboio, Braga – Porto;
- Viagem de autocarro dos STCP do Porto;
- Visita ao Museu Romântico da Quinta da Macieirinha com projecção de slydes sobre «o século XIX no Porto»;
- Visita à Exposição Leonardo da Vinci no Pavilhão Rosa Mota.

sábado, 12 de janeiro de 2008

BRAGA NOS FINAIS DO SÉCULO XIX

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

CIMEIRA LUSO ESPANHOLA EM TIBÃES

Sócrates e Zapatero juntos em Braga, nos dias 18 e 19, na 23.ª cimeira realizada entre os dois países.
Os dois dias de Cimeira Luso Espanhola terão lugar no Mosteiro de Tibães de Braga, monumento nacional que tem sido alvo de intervenções de recuperação ao longo dos últimos anos.
"Esta cimeira vai decorrer numa momento de excelentes relações entre Portugal e Espanha". Irão assistir à apresentação do projecto do Laboratório Internacional de Nanotecnologia, sedeado em Braga e discutir temas de carácter bilateral como os projectos rodo-ferroviários entre os dois países, questões relacionados com a energia, energias renováveis, alterações climáticas, recursos hídricos, controlo de fronteiras e combate à imigração clandestina.
Espera ainda que os dois governos ibéricos discutam políticas de cooperação nas áreas da saúde, segurança social e educação.

O BOM JESUS DO MONTE NOS FINAIS DO SÉCULO XIX

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

ROBERT SMITH EM TIBÃES

Conheci Robert Smith quando andava na antiga quarta classe. Um dia, quando brincava junto ao Mosteiro de Tibães, abordou-me no sentido de o acompanhar para carregar a sua pesada máquina fotográfica (com um grande fole e um pesado tripé). Durante vários dias, nas férias, acompanhei aquela figura simples, alta e magra. Lembro-me de algumas imagens que se encontram nos seus livros, serem tiradas, nomeadamente, o figurado da sacristia, pois, naquele dia começamos bem cedo a trabalhar para apanhar o sol que entrava pelas janelas voltadas para o Sameiro. No fim do dia era bastante generoso, oferecendo-me algumas moedas. Só o viria a encontrar, alguns anos depois, no Salão Nobre da Biblioteca Pública, por ocasião de uma conferência que produziu sobre Tibães. Lembro-me de ter referido que Tibães «era o museu do barroco em Braga».
Robert Chester Smith (1912-1975), norte-americano, da Universidade da Pensilvânia, foi um dos pioneiros da história da arte. A sua vastíssima obra, explora e documenta o património artístico e arquitectónico de Portugal e do Brasil. Os seus estudos abrangem vários géneros, da arquitectura à talha e azulejo.
Em 20 de Novembro de 1973, Robert Smith viria a ser condecorado com a medalha de mérito em ouro.
Indicamos, de seguida, uma pequeníssima amostra de toda a sua obra e vasta bibliografia: The art of Portugal, 1500-1800. London, 1968; A talha em Portugal, Lisboa, Horizonte, 1962; André Soares: arquitecto do Minho. Lisboa, Horizonte, 1973; Frei Cipriano da Cruz: Escultor de Tibães. Porto, Livraria Civilização, 1968;Frei José de Santo António Ferreira Vilaça. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1972. 2 vol.; As grades de Tibães e a sua prol. “Belas Artes”, Lisboa, 2ª série, 28-29, 1975, p. 17-44; Marceliano de Araújo escultor bracarense. Porto, Nelita Ed., 1970. Inclui um capítulo sobre a capela das Almas, em Mazagão; Três estudos bracarenses. Braga, Liv. Cruz, 1972. Inclui um estudo sobre a talha da capela mor do Bom Jesus do Monte.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

TIBÃES – EXPULSÃO DAS ORDENS RELIGIOSAS



O decreto de José da Silva Carvalho, de 5 de Agosto de 1833, viria a atingir em cheio o Mosteiro de Tibães, pois suprimia os «Conventos, mosteiros, casas religiosas e hospícios com menos de doze indivíduos professos».
Um decreto assinado por D. Pedro IV e Joaquim António de Aguiar, em 28 de Maio de 1834, conhecido por «Mata-Frades», os monges e todos os religiosos foram banidos de Portugal e tornaram-se «egressos» dos mosteiros, ou indo residir para casas de familiares ou incorporando-se nos serviços pastorais da diocese.
De nada valeu o depoimento de Francisco José do Carmo Ferreira, defendendo para a população a vantagem da conservação deste mosteiro por causa da utilidade da escola, da botica e da paróquia.
O Mosteiro de Tibães, cabeça da Congregação Beneditina, o «Monte Cassino» de Portugal foi vendido ao desbarato.
Com a extinção das Ordens Religiosas, o mosteiro é encerrado em 1833/1834 e os seus bens inventariados e vendidos. A igreja, a sacristia, o claustro do cemitério e uma parte do edifício e da cerca (passal) ficam em uso paroquial. A cerca conventual (1838) e o edificado monástico (1864) passam para mãos particulares após venda em hasta pública. O Defensor do Catholicismo de 2 de Abri de 1864 publicita esse mesmo projecto de venda.
Por portaria, de 20 de Junho de 1834, a Igreja é autonomizada e confiada às autoridades religiosas para servir de paróquia «uso que hoje se mantém e se articula com a sua fruição cultural». Ou seja, a Igreja do Mosteiro, com a sua bela talha barroca, tornou-se a matriz de Mire de Tibães.
As remissões e vendas de foros são a resultante de toda a política de então. Nesta data, foram avaliados, pelos louvados fazendeiros Manuel José Gomes e José Fernandes, segundo o «valor do actual estado dos géneros» pelo montante anual de 2.381#268 rs os foros, desse ano e foram arrematados em hasta pública, em 28 de Julho de 1834, nos Paços do Concelho da Cidade de Braga, pelo valor de 3.000#000 (três contos de reis). Foi arrematante Pedro José da Silva Ferreira da Cidade do Porto que apresentou abonados e fiados. Os pagamentos, metade em metal, metade em papel, teriam de ser feitos à fazenda pública pelo Natal e Páscoa.
Os foros arrematados diziam respeito, para além de uma quantia em dinheiro 126#040 rs; a géneros cerealíferos (segunda, trigo e cevada branca); à palha (painço, milho e trigo); ao vinho, animais mortos ou vivos (desde o «marran» ao leitão, carneiro, cabrito, galinha, frango, cepões e perdizes; ao feijão; aos alhos; ao linho e a serviços (geiras).
A existência de 370 geiras e meia (1 dia de trabalho gratuito imposto aos camponeses em actividades agrícolas directas ou noutras tarefas nas terras do mosteiro ) denota a sobrevivência, das relações de dependência servil e adscritícia (Torre do Tombo, Arq. Hist. do Min. das Fin., Lei de 30/5/1834, inv. n.º 393, Tibães).
Que lucra o Governo em vender o Convento de Tibães? A esta pergunta havemos de responder, logo que soubermos que se efectuou a venda, o modo como e por quanto (O Defensor do Catolicismo, 2/4/1864, 6/4/1864, 20/4/1864).
Em 1864 o estado entregaria, em hasta pública, este cenário de alta beleza a mãos particulares.
Quem conservaria um imóvel de tais dimensões e uma cerca de quarenta hectares, pelo que a ruína e o abandono aí se instalaram.
No entanto, o Mosteiro de Tibães com sua cerca foi vendido definitivamente em 13 de Junho de 1864, em hasta pública a António de Moura Monteiro pela verba insignificante de 3.605#000 rs, após terem sido dispersos os seus bens culturais (museu, pinacoteca, biblioteca, objectos preciosos, alfaias litúrgicas e outro recheio móvel).
Por morte de António de Moura Monteiro, o mosteiro passou para António Inácio Marques. Por falecimento deste, o mosteiro passou para seu filho José António Vieira Marques e, mais tarde, para seus netos José António Monteiro Vieira Marques e Maria Amália Monteiro Marques de Pádua.
O Decreto nº 33587, de 27 de Março de 1944, classifica como imóvel de interesse público, o conjunto formado pela Igreja e Mosteiro de Tibães, magnífico exemplar de arquitectura monástica de setecentos com as fontes e construções arquitectónicas da respectiva quinta.
Em 19 de Agosto de 1986, o Estado adquire o imóvel por cento e dez mil contos e é afecto ao Instituto Português do Património Cultural em 1987 em avançado estado de degradação.
Em 1990 foi criado o Museu do Mosteiro de S. Martinho de Tibães, estrutura como garante da conservação e preservação da memória histórica. O Mosteiro de Tibães mantendo a sua função religiosa, começa a surgir no presente como um espaço cultural. Ressurgindo do abandono de anos, começa a cumprir no presente, a sua função do passado: um espaço cultural, uma “escola”, um veículo de difusão estilística.

O COUTO DE TIBÃES (1)

No Boletim da Biblioteca e Arquivo Distrital de Braga, II volume, pág। 16, lê-se a transcrição de um documento que diz «…o pequeno Couto de Tibães, (foi) doado aos Monges Beneditinos pelo Conde Dom Henrique e Dona Teresa em 24 de Março de 1110 …», «por amor de Deus e de Pedro Pais (Escacha) e Paio Pais, filhos de Dom Payo Guterres da Sylva que sempre nos sérvio com grande sayisfação».
Este facto significa que o Mosteiro e a sua terra coutada fica imune, ou seja, o senhorio é exclusivo dos Monges de S. Bento. A existência de um couto trazia um conjunto de benefícios:
- Os limites do couto, definidos por marcos de pedra, pela orografia e linhas de água, impediam a entrada dos funcionários régios (juízes, meirinhos e mordomos);
- os seus moradores estavam isentos de cumprir serviço militar no exército do rei;
- os moradores estavam isentos de pagar multas ou imposto braçal ou pecuniário ao fisco;
- era de sua livre nomeação os juízes ordinários quer do cível, quer do crime e nomeavam, também, o capitão das ordenanças e demais funcionários do couto.
Quando os Cavaleiros da Reconquista aqui ergueram o seu cenóbio, os condes D. Teresa e D. Henrique, reconhecendo a sua importância, outorgaram-lhe a Carta de Couto aos 8 das Kalendas de Abril (25 de Março) da era de 1148 (ano de 1110). O Convento era detentor de grandes poderes, doações, senhor de bens e vastas propriedades, que se estendiam entre os Rios Cávado e o Minho. Os Pais do nosso primeiro rei coutaram o mosteiro e a sua cerca nestes termos: «Por amor de Deus e de D. Pedro Paes e Payo Paes, filhos de D. Payo Guterres, que sempre nos serviu com grande satisfação...».
D. Afonso Henriques confirmou essa concessão da carta de couto, em 1135, reunindo-lhe o Lugar de Donim, junto do Rio Ave, logo a seguir, uma vez que Mendo Bofino vendera, em 1161, por 25 maravediz as suas propriedades no Lugar da Estela, D. Afonso Henriques anexou ao Mosteiro de Tibães, na era de 1178 (ano de 1140) o Couto de Mendo ou de Santa Maria da Estela e, mais tarde, o antigo Couto de Vimieiro.
A partir de então o Mosteiro de Tibães, ou os seus monges, passaram a ter uma grande influência não só no seu couto como até em toda a zona do nascente Condado Portucalense, fomentando a agricultura e por arrastamento a revolução hidráulica com o aproveitamento da força da água dos rios e ribeiros, numerosos na região, que faziam movimentar as azenhas, serrações e lagares de azeite.
Com os rendimentos que passaram a obter, de certo que principiaram por restaurar as ruínas do antigo cenóbio visigótico que, talvez tivesse sido destruído não só pelas sevícias do tempo, como pelas invasões sarracenas, que em pleno século VIII tudo devastaram e levaram à sua frente.
Em 21 de Agosto de 1105, verifica-se uma permuta de terras entre D. Nuno, Abade de Tibães e S. Geraldo, Arcebispo de Braga e, em 1189 (ano de 1154) Pelágio Soares vendeu por 4 maravediz tudo o que possuía (uma quinta rural na Vila de Palmeira).
Pelas inquirições de D. Afonso II (1220), no que se refere aos bens das ordens monásticas, verifica-se que Tibães era detentora de um enorme conjunto de bens: uma quinta, 236 casais espalhados por 48 freguesias (do termo de Guimarães, Terras de Bouro, Penafiel de Bastuço, Prado, Neiva, Faria, Vermoim e Braga).
Em 1220 eram Igrejas do Mosteiro, as de S. Martinho de Tibães, de Santo Adrião de Padim da Graça, São Salvador de Reguela (Pousa), São Paio de Parada e Santa Maria de Panóias. Ao Couto de Tibães pertenciam as seguintes paróquias: Santo Adrião de Padim da Graça, Santa Maria do Couto de Tibães (Panoias), São Paio de Parada, S. Martinho de Tibães, Santa Maria de Mire (Senhora do Ó), São Paio de Merelim.
D. Diniz isentou os moradores do couto, em 1334, de irem ao seu serviço e mandamento ( como todos os do seu reino eram obrigados), exceptuando os que tivessem herdades fora do dito couto.
El-Rei D. Fernando, em 5 de Agosto de 1372, estando em Braga, confirmou ao D. Abade de S. Martinho de Tibães, beneditino, os seus privilégios, usos e bons costumes.
Estando D. Afonso V em Évora, no ano de 1444, isentou do trabalho os moradores deste couto, em relação às obras de barbacans da cidade de Braga, tendo nisso atenção aos seus privilégios e a pagarem anualmente 36 soldos brancos para as ditas obras.
El-Rei D. Manuel deu-lhe foral em 4 de Setembro de 1517 (Livro dos Foraes Novos do Minho, fl. 143, col.1ª), em vista do que se acha em Francisco Nunes Franquelim, na sua Memoria para servir d’indice dos foraes do reino e seus dominios, p. 147 .
D. Filipe II de Espanha e I de Portugal, confirmou este contrato, em 1582, no Dom Abade Frei Plácido de Vilalobos, natural de Lisboa, que já havia governado o Mosteiro por ordem do Cardeal D. Henrique, desde 1565 até 22 de Julho de 1569.
Ao redor do mosteiro, até aos limites da freguesia, os terrenos eram grangeados pelos monges, criados e feitores, os outros eram trabalhados pelos caseiros, mediante o pagamento de foros, rendas e pensões sobre o usufruto das terras. Do primeiro caso faziam parte, além da cerca do mosteiro, as quintas da Amieira, do Anjo, do Pedroso e de Mire. Esta última, aonde se fizeram as casas e benfeitorias, em 1623, gozava de especial predilecção. Era estância de repouso e recreio dos religiosos. O Livro das Alfayas de todas Oficinas e Quintas deste Mosteiro de S. Martinho de Tibaens feito no anno de 1750, descreve-a do seguinte modo: «É esta toda cercada de muros. Tem a sua entrada ao sul com seu pórtico de pedra e assentos do mesmo e pelo lado oriental uma fonte que se divide em dois registos de água, uma para dentro com sua taça e bocal de bronze e outra para a estrada com seu nicho e cano de ferro. Esta água tem sua nascente no Seixido, do qual vem por baixo da terra em aquedutos de barro».
O mosteiro detinha a posse total de toda a água do Rio Torto que regava as Veigas do Sobrado e Argaçal, através de uma levada , mandada construir em 1624. Pelo uso dos regos de Mire, pagava-se em 1635, 35 alqueires de milho e centeio e 11 alqueires de milho. Para além do seu papel de irrigação, as águas do Rio Torto faziam andar os moinhos, propriedade do mosteiro, de Panóias (Penelas e Pontesinhas) e de Mire (os de Sobrado).
Braamcamp Freire («Povoação d’Entre Doiro e Minho no XVI século», Archivo Historico Portuguez, III, (1905), p. 263) descreve a contagem de fogos, em 1527, determinada por D. João III: «Este couto é do Mosteiro de Tibães, o cível e o crime del-Rei nosso Senhor e tem de termo dentro de si meia légua e jaz entre os termos de Barcelos e o de Braga e o de Prado e corre o Rio Cávado ao longo dele entre Prado e o Couto e não tem povoação nenhuma junta somente por casais apartados vivem os moradores seguintes nestas freguesias, S. paio de Merelim, 38 moradores, Santa Maria de Panoias, 21, S. Paio de Parada, 17, Santa Maria de Mire, 28, Santo Adrião e o Mosteiro, 22 moradores. Somam os moradores deste couto por todos os fogos 126 moradores. Item haverá mancebos homens solteiros, 90 mancebos».
O crescimento patrimonial do mosteiro é perfeitamente constatável nos registos, tombos de 1528,1555 e, outros, livros de prazos, vedorias, recibos e sentenças.
A importância de algumas freguesias que pertenciam ao couto de Tibães:
- a freguesia da Estela é uma das terras mais antigas do concelho da Póvoa de Varzim. Foi pertença do conde Dom Mem Pais Boufinho, descendente de Azevedos e também do senhor de Vila do Conde, o qual, com seu filho Hermenegildo, venderam a freguesia da Estela a Dom Mendo III Abade de Tibães. D. Afonso Henriques, em 1140 a coutou a Dom Ordonho IV, abade de S. Martinho de Tibães e a seus religiosos por 600 alqueires de pão. A carta de couto da freguesia de Santa Maria da Estela, concedida por D. Afonso Henriques em 7 de Julho de 1140 ao referido convento de Tibães, é o documento original mais antigo até agora encontrado em que o primeiro monarca português emprega o título de Rei de Portugal. Esta carta encontra-se na torre do Tombo em Lisboa, e é elemento preciosíssimo para a história desta freguesia. A freguesia da Estela desde a concessão desta carta de couto até ao ano de 1834, data da extinção das Ordens Religiosas, em Portugal, por Joaquim António de Aguiar (mata frades), esteve na independência do Mosteiro de Tibães, o qual dela recebia todos os anos boa parte da respectiva produção agrícola. O lugar de Vila Mendo, nome pela qual foi conhecida a freguesia da Estela, durante algum tempo Villa Menendi, é muito conhecido por ali se terem encontrado importantes peças arqueológicas da época pré-romana. Elas foram o chamado “tesouro” da Estela, que no momento, está depositado no Museu Soares dos Reis. É constituído por um colar de ouro, duas arrecadas e parte partem dum torquês do mesmo metal e fragmentos de ouro e prata;
- assim, é apenas em 1220 que aparece a designação de S. Paio de Merelim. Lê-se nas inquirições de D. Afonso II o seguinte: "De Saneto Pelágio de Merlin de Couto de Tibães". Encontramos duas designações novas: S. Paio e Couto de Tibães. Pois bem, S. Paio é o Padroeiro mártir natural de Tui-Espanha, que foi martirizado com 13 anos de idade no ano de 925 por ordem do Califa de Córdova. A sua fama de mártir expandiu-se e a população de Merelim tornou-o seu Padroeiro;
- Panóias era uma freguesia importantíssima no Couto de Tibães no séc.XVI, porque era muito forte em relação à agricultura. Também tinha moinhos junto ao rio e azenhas para produzir o azeite, os moinhos produziam a farinha, as terras eram férteis porque tinham o rio perto, para se poder irrigar os campos.

BRAGA - OFÍCIOS NOS FINAIS DO SÉCULO XIX