domingo, 30 de dezembro de 2007

BRAGA - O CAMPO E A CIDADE NOS FINAIS DO SÉCULO XIX

BRAGA - AS INDÚSTRIAS NOS FINAIS DO SÉCULO XIX

BRAGA - INOVAÇÕES NOS FINAIS DO SÉCULO XIX

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

SANTA MARIA DE MIRE

No campo denominado do Vigário, pertencente à Quinta do Assento, na vizinha freguesia rural de Mire, um pouco além dos Doze Apóstolos (pois chamam assim a uma dúzia de corpulentos sobreiros que se agrupam à margem direita da estrada), existiu outrora a primitiva Igreja Paroquial de Mire (daí a razão do topónimo), cuja fundação é tradicionalmente atribuída a Teodomiro, rei dos Suevos, no ano de 560; se é que não é ao seu sucessor Ariamiro, chamado usualmente de Mire, nos anos de 570. (Fr. Paulo lanes, Era y Fechos de Espana, L. H, C. XXVII ).
Por apresentação do abade do Mosteiro de Tibães, Gonçalo Gomes, foi confirmado em Reitor da Igreja de Mire, João Martins, na era de 1310 (ano de 1272).
Por falecimento do Abade Pedro de Sousa Faria, o Mosteiro de Tibães tomou posse da dita Igreja de Mire, em 1558.
No entanto, Simão de Faria impetrou da Santa Sé renúncia desta Igreja, obtendo-a no mesmo ano. E como pretendesse ter direito de apresentação, fez-se-lhe um contrato de obrigação, ainda no mesmo ano, da pensão anual de 15#000 rs, imposta sobre os frutos da Igreja.
O Arcebispo D. Baltazar Limpo (1550 a 1558), num alvará escrito em pergaminho, ordenou a união da dita Igreja ao mesmo Mosteiro de Tibães, repondo-a na forma em que estava antes do comendatário, que em seu tempo a desanexara.
Mais tarde, o arcebispo D. Frei Aleixo de Meneses, por Alvará de 6 de Novembro de 1614, da ordem dos eremitas de Santo Agostinho, uniu e incorporou esta freguesia ao Mosteiro de Tibães; e foi então que se mandou demolir a antiquíssima Igreja Matriz, que estava ameaçando ruína, ficando desde logo, para todos os efeitos, estabelecida a Paróquia no referido Convento.
Os religiosos beneditinos obrigaram-se, por essa ocasião, a mandar compor os caminhos vicinais, para que os paroquianos pudessem comodamente concorrer às missas, confissões e demais actos do culto.
O D. Abade Geral de Tibães, Frei António dos Reis (digno abade geral da ordem de S. Bento em Portugal), fez construir a actual capela-igreja de Santa Maria de Mire, com seu alpendre, tudo dum gosto simples, a uns 200 ms de distância da extinta Igreja. Mandou então gravar na padieira da porta a inscrição:
ORS. AO P. F. ANTO. DOS REIS. DO. ABBE GERAL. DA ORDE. SBETO ENPORTVGAL. MANDOV FASER. ESTA. ERMIDA. POR SVA DEVAÇAM. ANNO. DOMINI. 1616.
Foi também gravada, no lado direito da mesma porta, da Capela-Igreja de S.ta Maria de Mire, actualmente mais conhecida por N.ª Sr.ª do Ó ou da Expectação, uma quadra em verso octossílabo, embora a mesma distribuída em seis linhas, estando na segunda a vozes em lugar de a vós:

TODO MUNDO EM IE
RAL S VOZES RAIN
HA ESCOLHIDA DIG
AM. QVE SOIS COMSE
BIDA SEM PECAD
OVRIGINAL 1627.
(Todo o mundo em geral,
A vós Rainha escolhida,
Digam que sois concebida,
Sem pecado original. 1627).

Também pode ler-se numa lápide na frontaria da Capela da Sr.ª do Ó «Foi reedificada com esmolas dos fiéis em 1934».
Com as ofertas do povo de Mire de Tibães, a Capela de N.ª Sr.ª do Ó foi praticamente toda remodelada e ampliada, em 1985, tornando-se mais espaçosa, para os fiéis poderem comodamente participar nos actos litúrgicos. Conservou-se o altar-mor e o arco central.
No presente ano, igualmente, com esmolas do povo, estão a decorrer obras contra a infiltração de humidades.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

«Companhia de Cartões do Cávado», Ruães, Mire de Tibães

A empresa Companhia de Cartões do Cávado requereu o processo de insolvência em Março de 2007, tendo continuado a trabalhar até 31 de Maio. No dia 1 de Junho, a EDP cortou o abastecimento de energia eléctrica e a empresa deixou de laborar.
A empresa deixou de pagar os salários a partir de Abril e há muito que havia grande irregularidade na data do seu pagamento.
A empresa tinha acumulado elevadas dívidas à Segurança Social e ao Fisco.
Ficaram no desemprego cerca de 100 trabalhadores. Esta empresa iniciou a sua actividade há cerca de 39 anos.

OS ROMANOS EM BRAGA (2)

VISITA AO MUSEU D. DIOGO DE SOUSA
No dia 12 de Dezembro de 2007, a turma 5.º1 visitou o museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa.
Foram seguidos pelo «TITUS» que viveu na Bracara Augusta há cerca de 2000 anos.
Tiveram oportunidade de ver muitas coisas. Além da dimensão do império e da influência que exerceram na Península Ibérica, os alunos debruçaram-se pormenorizadamente sobre a Romanização na Bracara Augusta, cidade romana, fundada no ano 16 A.C. no território dos Bracari pelo imperador Augusto.
Observaram duas maquetes. Numa puderam situar os diferentes espaços: pristina, atrium, tablinum, triclinium, peristylum, cubiculum, taberna, culina e a officina. Na outra (maqueta das termas) localizaram os locais onde se tomavam os banhos quentes, frios e a vapor.
Também foi do interesse geral admirar os colossais miliários, que eram colocados junto das vias romanas, que ligavam as principais cidades do império entre si bem com Roma, daí o aforisma popular «todas as estradas vão dar a Roma».
Finalmente, o companheiro da visita «Titus» não se esqueceu de lembrar aos alunos que os aguarda para novas visitas e aventuras, principalmente, acompanhados das famílias.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

AUTOBIOGRAFIA DO SER E DA TERRA











Com coragem
E determinação
Nunca resignou à liberdade.
De original e fértil imaginação,
De lealdade intensa,
Marcada pelo magnetismo e generosidade.
Com seu humor e ironia,
De cunho genético,
Aprofundou o prazer da escrita,
O entusiasmo e paixão pela aventura,
Pelo sabor da palavra, pela onírico da música.
Sempre em trânsito,
Como uma «testemunha em fuga»,
Num território
De emoções à flor da pele.
Ser de metamorfoses,
De fascínios virtuais e paraísos artificiais.
Desmentiu,
Sempre,
A fatalidade da condição humana.
Inconformista,
De equilíbrios entre a acção e a aventura,
Entre a resistência e o compromisso,
Entre o bom-senso e a ruptura.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Breve História do Mosteiro de S. Martinho de Tibães


Obra Prima do Museu do Barroco em Braga
Localiza-se a seis quilómetros a noroeste da cidade de Braga, na margem esquerda do Rio Cavado.
É um símbolo ímpar do nosso património cultural e é incontornável quando nos reportarmos à História da Igreja em Portugal e à História da Ordem beneditina no País e na Europa.
A Igreja do Mosteiro de Tibães é considerada um dos templos mais grandiosos de Portugal e a obra prima do museu da arte barroca em Braga.
Gabriel de Sousa («O Mosteiro de Tibães cabeça da Congregação de S. Bento em Portugal», Ora et labora, XXVII, 1981, p. 87) admite que tenha existido uma «fundação, anterior de séculos, dum ascetério naqueles sítios, com a observância do monaquismo Hispânico, digamos, até, suévico».
O Monarca Suevo Teodomiro possuía junto das águas do Cávado, entre os lugares de Sobrado e Mire, um luxuoso Paço, onde costumava descansar, ausentando-se dos bulícios da corte de Braga.
Talvez, por isso, tenha agradado, ao Rei Teodomiro, a ideia do seu virtuoso capelão-mor, S. Martinho, de construir nas proximidades da Serra de S. Gens, um mosteiro, aí pelos anos de 562.
Sobre o exposto, não ficam dúvidas após da leitura de Frei Leão de S. Tomás, na sua Benedita Lusitana: «A uma légua da cidade de Braga, para o lado Norte, estiveram antigamente uns Paços e casas de prazer do Rei Teodomiro entre os grandes de Sobrado e Mire vizinhos ao Rio Cávado (...). Perto destes Paços do rei, em lugar mais alto e eminente à vista do mesmo rio, ficava um sítio retirado e solitário que a S. Martinho Dumiense pareceu muito acomodado, para nele se fundar um Mosteiro de Monges. (...) O rei como era tão pio mandou logo se edificasse e se dedicasse a S. Martinho Turunense, de quem era devotíssimo devoto...».
O Sucessor de Teodomiro, o Rei Suevo Ariamiro, conhecido por Miro abreviadamente, ( Pinho Leal diz ser Adriano e Carvalho da Costa assevera ter sido Miro) enriqueceu-o com propriedades de grandíssimo valor: pois era soberano religioso e piedoso, a ponto de convocar para Braga, como sua corte que era, um concílio especial para reforma de abusos.
Alguns argumentos concorrem para confirmar a antiguidade deste mosteiro:
- a existência de uma lápide onde se encontra gravada a data de 600 da era de César (que corresponde à data de 562 D.C.);
- uma carta de Frei Drumário a Fr. Frontano ambos monges beneditinos, exarada por extenso num livro do Mosteiro de Pedroso, donde a copiara Fr. João do Apocalipse, menciona-se expressamente o Mosteiro de Tibães, entre os conventos fundados nos tempos de S. Martinho de Dume: « De fructu ventris sui (S. Martinho de Dume) possuerunt Deus et Sancttissimus Patter Noster Benedicttus, supra sedes suas, Monasterium scilicet Dumiense, Antoninum, Victorium, Tibanense, Villare, Vargense, Magnetense, Turris, Claudinum, Cabanense, Azerense, de quibus (sicut de l’ettri retibus) fas est dicere» - diz o aludido texto desta carta, escrita a 7 do mês de Outubro do ano de 591, ainda que em Fr. João do Apocalipse se lhe assinala a data de 571;
- o monge beneditino D. Bernardo, Bispo de Coimbra, na sua Vida de S. Geraldo, afirma que, para sepultura deste primeiro arcebispo bracarense, fora trazido à Sé Primaz um sepulcro de mármore, do mosteiro de Tibães, conservado ali em grande veneração desde tempos muito antigos, dando-se a tradição da vizinhança, como mandado construir para si pelo rei Suevo Miro, não obstante não chegar ao depois a sepultar-se nele: «Quod (sepulchro) à longis retro temporibus in tibianensi coenobio in magna reverentia servabatur».
O domínio árabe na península e todo o processo da reconquista causou estragos no mosterio que, por essa razão, em 1060, D. Velasquides procedeu à sua reconstrução e, em seguida, D. Paio Guterres da Silva, em 1080, continua essa reedificação (Pereira-Caldas, O Constituinte, 1640), ainda hoje a tradição atribui o Paço de D. Paio Guterres à «Quinta de Silva», atrás do Monte de S. Gens, a uma distância de 3 Kms do mosteiro». O Conde D. Pedro chega a afirmar que a «fundação do mosteiro beneditino de TIbães se deve a D. Paio Guterres da Silva».
No Livro dos Testamentos da Sé de Braga, uma devota e nobre mulher declara doar, em 1077, a esta igreja matriz uma propriedade que tinha, designando-a como situada junto do rio Cávado, no local onde então se havia fundado o mosteiro de Tibães «Et est in loco prope alveum Cávatum, ubi modo fundatum est Monasterium Tibianes».
Aos três filhos de D. Paio Guterres concedeu o Conde D. Henrique amplo couto. No tempo de D. Dinis, os descendentes de D. Paio Guterres (cerca de 200) absorviam o melhor das rendas do mosteiro do qual eram padroeiros. Depois de 1480, o mosteiro ficou liberto desses encargos e passou a ser regido por comendatários.
Nos finais do século XI foi fundado o mosteiro românico, que recebeu em 1110 Carta de Couto, doada por D. Henrique e D.ª Teresa.
O século XVI, por causa do protestantismo e do consequente Concílio de Trento, o Mosteiro de Tibães experimentou uma tentativa de reforma. Desde 1530, se fazia sentir a acção reformadora e disciplinadora de dois monges beneditinos da Congregação de Castela, Fr. António de Sá e Fr. João Chanones. Fr. João de Sá era português, tinha professado em Montserrat e fora abade de S. Vicente de Salamanca. Em 1530 recebeu missão para reformar Tibães, Arnóia e Carvoeiro. Fr. João Chanones acompanhava-o como mestre dos noviços, preparando candidatos para a vida monástica. Em Tibães não houve resistência por parte dos monges.
Em Tibães, os monges reformaram-se e descobriram o apostolado e a cultura. Tibães seria o elo de ligação de todos os mosteiros beneditinos. Era a residência do Abade geral. Era ali que, de três em três anos, se reuniam os representantes dos 22 mosteiros da congregação para fazerem a provisão trienal dos cargos directivos e decidirem sobre os problemas da mesma.
Ultrapassada a crise religiosa dos sécs. XV e XVI, a escolha, em 1567, para “Casa-Mãe” da Congregação Beneditina de Portugal e do Brasil, por bula do Papa Pio V, datada de 22 de Julho de 1569, em cumprimento da qual foi a ordem de S. Bento reformada, torna o velho edificado românico gótico exíguo e inadequado às novas funções, evidenciando a necessidade de redimensionar o espaço de forma a responder às novas exigências temporais e espirituais.
A partir de 1569, com a tomada de posse do Mosteiro de Tibães por Fr. Pedro de Chaves, este convento tornava-se a Casa-Mãe de todos os mosteiros beneditinos.
Assim, na primeira metade do século XVII, deu-se início à grande campanha de reedificação e ampliação do mosteiro, da qual resultou o conjunto hoje existente. O início das obras filia-se ainda na corrente maneirista, mas o barroco e o rococó haveriam de triunfar nas alterações desenvolvidas nos finais do século XVII e ao longo de todo o século XVIII. Entretanto, vão-se decorando os espaços, originando um longo período de criação e riqueza que só terminará no princípio do Séc.XIX.
Por Tibães passaram os melhores artistas, com as mais variadas formações: mestres pedreiros, carpinteiros, arquitectos, imaginários, enxambradores, escultores, entalhadores, pintores e douradores, que realizaram, no Mosteiro, um trabalho que atingiu níveis superiores de requinte e perfeição técnica.
Todo o seu conjunto arquitectónico está classificado como Monumento Nacional pelo Decreto de 16-06-1910 e imóvel de interesse público pelo Decreto n.º 33587 de 27-03-1944. Este conjunto tem uma Zona Especial de Protecção fixada no Diário da República, 1.ª série, n.º 187 de 13-08-1994.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

OS ROMANOS EM BRAGA (1)

Visita de Estudo ao Museu D. Diogo de Sousa
No âmbito do Plano de Actividades do Departamento de Ciências Sociais e Humanas, as turmas do 5.º ano (no primeiro período) e as turmas do 7.º ano (terceiro período) farão visitas ao museu, como motivação, como consolidação, como desenvolvimento de novos projectos, como ensaio laboratorial, como investigador. Ao estudar a romanização em Braga, procuramos, in loco, reflectir sobre o «modus vivendi» da época e sobre a sua influência na nossa região.
Fizemos uma visita temática às instalações do museu, nomeadamente: a sala 2 onde se pode observar a Integração do Noroeste Peninsular no Império Romano e o comércio a longa distância, Bracara Augusta, a circulação monetária, produção local, as indústrias artesanais; a sala 3 onde se pode ver o Urbanismo de Bracara Augusta, Os espaços públicos, Os espaços domésticos; a sala 4 onde se observou as Vias, o Mundo dos mortos, o Sagrado, a Antiguidade Tardia, a Escavação Arqueológica, o Mosaico.
Hoje foi a vez da turma 2 do quinto ano, efectuar a visita. Percorremos todos os espaços atrás referridos, mas alguns suscitaram mais curiosidade: a sala dos mortos, a sala das maquetes, a sala dos miliários, a sala das moedas, a sala dos objectos de uso quotidiano e de decoração.
A Turma cumpriu as normas estabelecidas previamente: bom comportamento durante o trajecto, silêncio durante a exposição, questionamento quando necessário, afastamento em relação aos objectos.
Assim até dá vontade de continuar com estas visitas.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

TIBÃES - Sabia que...





- Batalha de Pedroso em 18 de Janeiro de 1071. Junto a Tibães teve lugar A Batalha de Pedroso («Folhas soltas da História de Braga», O Regenerador, 5/8/1886 e 8/8/1886). Este batalha tem lugar nos Campos de Tibães entre o Rei D. Garcia e o Conde Nuno Mendes. Na partilha dos vastos estados que Fernando Magno herdara pela conquista, pertenceu a seu filho Garcia o Reino da Galiza e a parte de Portugal além do Mondego.
- Direito de padroado, 1578. D. Sebastião estabeleceu concórdia e transação com os Religiosos de Tibães, largando e demitindo de si o direito de padroado em apresentar comendatários nos Mosteiros Beneditinos deste reino; e demitiu-o com todas as suas rendas, foros, direitos, juridisções, igrejas e tudo o que legitimamente lhes pertencia, do mesmo modo que ele e os seus antecessores estavam de posse; com a condição de lhe darem anualmente cinco mil cento e cincoenta cruzados, que eram cinco partes das doze em que foram avaliadas as mesas abaciais dos oito mosteiros.
- Impedimento de Transporte de mantimentos, em 28 de Agosto de 1580. O Vigário Geral, Gregório Rodrigues expediu uma carta de interdito, para o Mosteiro de Tibães, por motivo das Justiças daquelas terras impedirem o transporte de mantimentos para Braga, prenderem e vexarem os moradores da cidade.
- Frei Bento de S. José nasceu na cidade de Braga, em 11 de Julho de 1713, o Padre Pregador Frei Bento de S. José, na Rua da Cruz de Pedra, que na época se chamava Bento de Azevedo. Na idade de 23 anos tomou o hábito do Mosteiro de S. Bento da Vitória, do Porto, aos 6 de Janeiro de 1737, sendo Geral da Congregação o Padre Mestre Dr. Frei Manuel da Graça. Faleceu no Mosteiro de Tibães a 2 de Agosto de 1790 Jaz sepultado no lanço do Claustro que corre da porta da ante-sacristia para a portaria, ao longo da igreja, na sepultura n.º 24.
- Batalha em 1759: «No terreiro da Quinta (da Madre de Deus) se postou o batalhão de Viana, que se achava nesta cidade no bloqueio dos jesuitas, com seu coronel Sebastião Pinto Rubim o qual ordenou dar tres descargas. Brandio elle e o tenente coronel D. João de Sousa os seus espontoens. Acompanharão a Sua Alteza o Geral de Tibaens, o Dom Abbade de Bouro, o reitor de Villar e finalmente todos os corpos de justiça e nobreza da cidade e de Barcelos e Guimaraens muitos. Os vivas e as aclamaçoens erão infinitas, dadas de vontade por todos. Elle logo deu beije mão e foi comprimentado por seis conegos mais. Seguirão os tres dias de illuminação na cidade. Outeiros em todos elles, na dita quinta, com boas orquestras» (Memórias particulares de Inácio José Peixoto, ADB/UM, Coord. de José Viriato Capela,, Braga, 1992, p. 41).
- Ainda hoje, ao passarmos na cerca do convento, somos surpreendidos por buracos, antigas minas de volfrâmio, onde os trabalhadores, como dizia Aquilino Ribeiro, pareciam toupeiras insaciáveis arrancando à terra o pó mineral, negro e denso que endurecia os canhões que incendiavam a guerra, bem como para a fabricação de ferramentas cortantes e perfurantes, balas e granadas. Esta actividade era bem visível em 1916. Os trabalhos de pesquisa nas minas de volfrâmio, ultimamente registadas pelos Srs. Herculano de Matos Braga, inspector de finanças, deste distrito, Manuel Joaquim de Paiva, estimado farmacêutico desta cidade e Luís Augusto Correia da Cunha, abastado capitalista, animou, também, o contrabando deste mineral.
O grande impulso destas minas acontece no início da segunda guerra mundial. Américo Costa, no Dicionário Corográfico de Portugal (vol. X, Porto, 1948, p. 885) regista em S. Gens uma mina de volfrâmio em Mire de Tibães, cuja concessionária é a Sociedade de Minérios de S. Gens, com alvará datado de 3 de Dezembro de 1947.
- Camilo Castelo Branco celebrizou a lenda do «Túnel de Tibães» na obra A Bruxa do Monte Córdova. Nesta lenda, um frade provocou graves conflitos em cabeceiras de Basto. Chamado a Tibães é julgado e condenado em capítulo. No entanto, muitos dos seus continuaram a considerá-lo inocente, construíram um túnel que iria da Sala do Tronco até extra-muros do mosteiro por onde ele se pudesse evadir.
- No dia 30 de Agosto de 1874, festejou-se a festividade em honra de S. Gens, situado no cume da montanha sobranceira ao Convento de Tibães, com brilhante iluminação, fogo de ar, a Banda da Música da Graça, e sermão pelo Padre Joaquim José Gomes de Oliveira da freguesia da Graça (O Commercio do Minho, 03 de Setembro de 1874).
- Celebrou-se em Tibães a expensas da Associação das Filhas do SS. Coração de Maria, a festividade em honra da Virgem. No dia 3 houve confissões, no dia 4, 6.ª feira, primeira comunhão para as meninas daquela associação e para os meninos da freguesia. No púlpito esteve o Reverendo Padre José Coura da Costa da freguesia de Cervães. De tarde, houve exposição, sermão e procissão com os meninos incorporados em duas alas dirigidos pelo reverendo padre Joaquim Fernandes Lopes. Fechava a procissão a Banda de Música da Graça. No domingo 6 houve lugar a um convívio (O Commercio do Minho, 10 de Junho de 1875)».
- Pelo recenseamento de 1878-1880, Mire de Tibães tinha 161 eleitores (Diário do Minho, 20 de Março de 1879)».
- O Sr. Manuel José da Silva Graça, da freguesia de Tibães, irmão do Sr. Domingos José da Silva Graça fez exame de farmácia no passado dia 29, na Escola Médico Cirúrgica do Porto, ficando plenamente aprovado. In Cruz e Espada, 5 de Abril de 1884.
- O Presidente da Junta de Freguesia, Sr. Domingos José G. Veiga, fez uma petição ao governo a favor do Convento de Tibães («O Convento de Tibães», Commercio do Minho, 2/7/1885).
- A Câmara nomeou dois cidadãos em cada freguesia para informar acerca das congruas paroquiais. Para Mire de Tibães foram nomeados: Manuel Gomes e Paulo José Gonçalves (Commercio do Minho, 14/1/1893).
- Além doutros claustros há-os do Tronco e o do Cemitério, de arcaria elegante. Foi no primeiro, que um incêndio se manifestou, pelas três horas da tarde do dia 11 de Julho de 1894, numa porção de centeio e trigo que o pobre do caseiro tencionava malhar no dia seguinte. A coragem dos rurais, as bombas dos Bombeiros Voluntários da Fábrica de Ruães, dos Bombeiros Voluntários e Municipais, e energia do operariado da Fábrica de Ruães, polícias civis e uma força de Regimento de Infantaria 8 foram fundamentais no auxílio e combate ao incêndio (O Progressista, 13 de Julho de 1894). O Caseiro estava para a Romaria de S. Bento da Várzea (Commercio do Minho, 12 de Julho de 1894), orago do mosteiro. O fogo derrubou parte da arcaria do claustro do tronco, introduziu-se na capela das culpas, carbonizou magníficas telas, riquíssimas imagens, molduras, estalava e destruía o soberbo azulejo verde onde se desenhavam cenas da vida dos Santos. No dia 13 de Julho de 1894, o jornal O Folião traz um desenho sobre o incêndio do convento, que teve lugar em 11 de Julho de 1894.
- Vai proceder-se à reparação de uma parte deste convento, casa mãe dos beneditinos, que ultimamente sofreu grandes danos resultantes de um incêndio. Para essa reparação o governo concedeu o subsídio de 500#000 rs e o Sr. Comendador José António Vieira Marques, proprietário do convento, concorre para o mesmo fim com 100#000 rs ( Commercio do Minho, 18 de Setembro de 1894).
- Convento de Tibães (curiosidades históricas) 19 de Julho de 1894. O jornal A Voz da Verdade, neste dia, e em 26/7/1894, 9/8/1894, 16/8/1894, insere alguns artigos com este título.
- Nomeado regedor efectivo o Sr. Joaquim Machado Duarte (ainda se mantinha em 1908); Substituto - Francisco José Dias.
- Foi inaugurada festivamente uma nova escola na freguesia de Tibães, em 5 de Fevereiro de 1902 (Correio do Minho, 7 de Fevereiro de 1902).
- Domínios directos e foros da freguesia de Mire de Tibães, em 1904 (Correio do Minho, 4/3/1904, 8/3/1904, 25/3/1904).
- O governo concedeu um subsídio de 180#000 rs para as obras de restauro do zimbório da escada principal do Mosteiro de Tibães ( Correio do Minho, 24 de Maio de 1904 ).
- Elias José da Silva, depositário da Caixa Postal, em 1906.
- D. Angélica de Jesus e Silva, professora do ensino primário em 1906.
- Faleceu 4ª feira, em 15 de Dezembro de 1915, na freguesia de Parada de Tibães, o Sr. José António Coelho, abastado proprietário, pai do Rev.do Manuel Joaquim Marques Coelho, abade de Tibães e do Padre José Marques Coelho, capelão do Sameiro (Commercio do Minho, 18/12/1915) .
- Minas de Tibães (Prosseguem com grande actividade os trabalhos de pesquisa nas minas de woltram ultimamente registadas pelos Srs. Herculano de Matos Braga, inspector de finanças, deste distrito, Manuel Joaquim de Paiva, estimado farmacêutico desta cidade e Luís Augusto Correia da Cunha, abastado capitalista (Commercio do Minho, 22 de Junho de 1916).
- Pelas 9 horas da noite, declarou-se na Companhia Fabril do Cávado, um grande incêndio. O fogo teve início num depósito de lenhas e originado por faúlhas que saltaram caldeiras, não atingiu proporções assustadoras devido à prontidão dos Bombeiros (Correio do Minho, 23 de Dezembro de 1926)».
- No dia 26 de Março de 1933 processou-se à trasladação das ossadas de Frei Miguel da Ascensão, Frei António da Piedade e Frei Leão de S. Tomás, de Coimbra para a Igreja Paroquial de Mire de Tibães.
- Visita pastoral de Sua EX.ª Reverendíssima em 18 de Julho de 1934 (Diário do Minho de 18/7/1934.
- Inauguração da Escola do Carrascal, em 23-11-1958.
- Inauguração da Escolas de Ruães, 20-12-1959.
- Uma fonte (fontanário) oriunda do Mosteiro de Tibães foi colocada na Arcada da Lapa, em Braga, por compra da Câmara Municipal, em 1979.

A Capela de S. Gens em Tibães






No século VI, em 562, dezanove anos após a morte de S. Bento, Teodomiro, Rei Suevo, pediu ao seu capelão S. Martinho, primeiro Bispo de Dume, que construísse em Tibães um mosteiro num lugar ao pé do monte de S. Gens. Segundo afirma Avelino de Jesus Costa, o culto a S. Gens tenha entrado na Diocese de Braga já em tempo de S. Martinho de Dume (550-579). Deste modo, esta ermida, onde se venera a imagem do santo, é anterior à construção do Mosteiro dos Monges beneditinos, pelo menos, o culto ao santo.




Há muitos, muitos anos, quando a nossa nacionalidade ainda era menina, o Monte de S. Gens, a que hoje todos chamam Monte de S. Filipe, na freguesia de Mire de Tibães, era tão densamente arborizado que, dizem os cronistas beneditinos, "do alto do Monte de S. Gens se ia até ao Rio, distancia de meia légua, por cima das árvores sem ser necessário descerem delas » (Ascensão, Marceliano da,Crónica do Antigo Real e Palatino Mosteiro de S. Martinho de Tibaens desde a sua primeira fundação athe ao presente, Mosteiro de S. Martinho de Tibães, 1745, Ms do Mosteiro de Singeverga, Santo Tirso, fl. 383.) e nele teriam existido "Ermidas e choupanas, em que viviam recolhidos alguns Monges de mais Espírito, acudindo ao Convento às Horas do Ofício Divino "(Frei Leão de São Tomás, Benedictina Lusitana, Introdução e notas críticas de José Mattoso, Tomo II, Lisboa, Imprensa Nacional, Casa da Moeda, 1974, 378). Destas existências apenas perdurou a vivência religiosa na capela do cume do Monte, a Capela de S. Gens, a qual não há memória da fundação, mas que já existia em 1553, e, que, no nosso século, mudou o culto para S. Filipe.




Na padieira da capela actual deparamos com a data de 1196, cuja estudo sobre esta data pode ser consultado em António de Sousa Araújo, Tibães e a Ermida de S. Gens, 2004, p.34).




Por portaria n.º 6199, de 7 de Junho de 1929, o Governo manda entregar à Corporação encarregada do culto da freguesia, a Capela de S. Gens e respectivo cruzeiro.




Encimado pela Capela de S. Filipe, o Monte de S. Gens, recebe nas suas fraldas, na sua encosta norte virada ao rio Cavado, a Cerca e o Mosteiro de S. Martinho de Tibães. É ocupado, a meio, pela capelinha de S. Bento e, ao fundo, pelo Mosteiro. Dominado, actualmente, por pinhal e Eucaliptal só dentro da Cerca do Mosteiro a vegetação climácica consegue ir recuperando o seu espaço secular, servindo de refúgio e habitat a centenas de espécies da nossa Fauna e Flora. Podemos aqui observar entre outras plantas da associação do Carvalho do Norte (Quercus robur), o protegido Azevinho (llex aquifolium), o Loureiro (Laurus nobilís), a Aveleira (Coryíus aveliana), o Medronheiro (Arbutus unedo), a Gilbarbeira (Ruscus aculeatus) e o Bordo (Acerpseudoplatanus).