sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Tibães - Ruães e a sua indústria















Ruães é nome de um lugar da freguesia de Mire de Tibães (entre 1821 e 1886, pertencia à freguesia de S. Paio de Merelim), que conheceu uma pujante indústria portuguesa.
Em 25 de Abril de 1877 era inaugurada a Fábrica de Papel de Ruães, uma sociedade por acções, sendo os principais accionistas o Visconde de Ruães e o Conde da Silva Monteiro.
No dia 3 de Outubro de 1886 foram arrematados os terrenos e material mecânico pertencentes à Fábrica de Ruães sob a base de licitação de 30.000#000 rs. A venda em hasta pública foi adquirida por uma parceria de 10 sócios. Desta sociedade faziam parte, além de outros, o Sr. Alberto Oliveira e o Snr. Manuel Joaquim Gomes, arrojado industrial desta cidade, o qual nutre os maiores desejos de fazer ali importantes melhoramentos.
Em 11 de Novembro de 1888, aconteceu a arrematação judicial por metade da louvação da Quinta de Ruães e suas pertenças tudo de natureza alodial, composta dos seguintes prédios:
1- Casa apalaçada em S. Paio de Merelim.
2- Um pedaço de terra, em Palmeira.
3- Bouça grande do rio, em S. Paio de Merelim.
4- Campo de Fóra, no lugar de Ruães.
5- Bouça da Ladroeira em Tibães.
6- Azenhas na Ponte de Prado.
Todas estas propriedades formam a dita Quinta de Ruães e entra em praça por metade do seu valor, isto é, pela quantia de 16.180#000 rs.
A quinta foi arrematada por João Cardoso Júnior, representante e sócio duma firma do Porto - Miguel Augusto, Fonseca e Cardoso, que era a exequente, por 22.000#000rs.
O Diário do Governo, de 3 de Agosto de 1889, publica os estatutos da Cª.Fª. do Cávado, com sede no Porto e o capital de 200 contos dividido em acções de 100#000 rs.
Esta sociedade foi constituída sobre a parceria da Fábrica de Papel de Ruães e tem por fins o fabrico do Papel, a fiação de algodão, a tecelagem e a estamparia.
No fabrico do papel havia uma sala com 2 conchas em metal, com 2 mós ou galgas, para triturar as matérias-primas; uma sala com cilindros; uma sala com calandras e cortadeiras; e uma sala de escolha, contagem e enfardamento. A tecelagem chegou a ter 500 teares, centenas de máquinas, nomeadamente, caneleiras, encarretadeiras, urdideiras, rematadeiras, e outras máquinas de tingir, de marcerizar e, ainda, tanques e estufas. A fiação chegou a trabalhar com 12.0000 fusos, além das cardas, das laminadoras, dos torcedores e dos contínuos.
Para gerentes foram nomeados os Snrs. Alberto Carlos de Oliveira, Alexandre Peres e Manuel Joaquim Gomes. Um deles terá a residência em Braga, vencendo cada um o ordenado anual de 1.200#000 rs.
Realiza-se ao meio-dia do dia 22 de Janeiro de 1893, nas oficinas desta companhia, em Ruães, a experiência e inauguração de duas novas turbinas com a força de 110 cavalos cada uma que ali foram instaladas ultimamente.
Foi inaugurada, em 4 de Fevereiro de 1895, a nova fábrica de tecidos, em Ruães, vizinha à de papel e explorada pela Companhia Fabril do Cávado, que é também proprietária desta última.
A nova fábrica, cujas turbinas são movidas pela corrente do Cávado, foi construída em proporções avantajadas, devendo portanto dar bom resultado à companhia exploradora.
Após 1974, assiste-se ao definhar deste movimento industrial: em 1989 assistimos ao seu encerramento; em 1991 à sua falência; em 1996 à venda em leilão da quinta e da área coberta para a imobiliária. (entre 1821 e 1886, pertencia à freguesia de S. Paio de Merelim), nome de Lugar que conheceu pujantes indústrias portugueses.